Vice Postulação da Causa de Canonização de D. António Barroso 

VENERÁVEL D. ANTÓNIO BARROSO

Quem é?

Raras figuras da nossa história religiosa catalisam, como este bispo missionário, a densidade e a policromia do tempo em que viveu. No curto percurso da sua vida (1854-1918) foi missionário em três continentes e impulsionou uma reflexão que era urgente sobre a acção missionária nos territórios coloniais portugueses; sofreu as agruras da mudança de regime da Monarquia para a República; intensificou a vida pastoral nas dioceses onde foi colocado, particularmente na última que serviu. Notável missionário, missiólogo reflexivo e criativo, destemido Bispo do Porto.

Bispo do Porto

Com a extraordinária experiência evangelizadora que adquirira, foi escolhido para Bispo do Porto (1899). A sua bondade fraternal e a firmeza da sua condução pastoral conquistaram os portuenses. Quando se viu na necessidade de enfrentar o prepotente Afonso Costa, mostrou nobreza de carácter, manifestou uma dignidade ponderada, soube resistir. Apesar da enfermidade que contraíra em África, enfrentou oito anos de quezílias, julgamentos e desterros. Caiu de pé, aos 63 anos de idade, minado pela malária.

Missionário e Missiólogo

Como missionário, D. António situa-se entre os mais eminentes da história portuguesa, seja nas primeiras e determinantes aventuras do Congo (1880-1888), seja como incansável Prelado de Moçambique (1892-1895), seja ainda como resistente construtor da unidade e da comunhão em Meliapor, na Índia (1898-1899 ). Teorizador da acção missionária, é reconhecido como  um dos maiores missiólogos do século XIX. Entre outras iniciativas, promoveu a renovação do Colégio das Missões Ultramarinas – instituição onde recebera a sua formação eclesiástica – sendo o precursor da Sociedade Portuguesa das Missões Católicas Ultramarinas, actualmente designada Sociedade Missionária da Boa Nova.

Figuras notáveis testemunham

Dos muitos depoimentos  que testemunham a acção e o carácter deste vulto invulgar da Igreja portuguesa, registamos o de D. António Ferreira Gomes, que se lhe refere como «modelo de missionários». Numa alusão ao seu ardor missionário e ao seu amor pela Pátria, afirma que «entrou na galeria dos Almeidas, Albuquerques, Castros, Britos e Xavieres (…), foi bem o continuador dos que acenderam no Oriente a luz do Evangelho e lançaram as sementes de uma civilização universalista». E o académico escritor Júlio Dantas, que com ele privou, escreveu, por altura da sua morte: «Faço votos para que as suas palavras de amor e de perdão, pronunciadas por essa nobre e serena consciência, possam ainda um dia, como um fogo redentor, destruir a semente maldita do ódio no coração de todos os portugueses». A concluir, um “santo” escrevendo sobre outro “santo”: é o Padre Américo, também Servo de Deus: «Só ele mereceu ocupar e preocupar os homens do Terreiro do Paço naquele tempo. Duro. Tenaz. Rebelde. Uma só cara. Não torceu nem quebrou. Só ele! Porém, a sua grande loucura está no amor dos Pobres».

Processo de Beatificação e Canonização

D. António Barroso morreu com fama de santidade. O bispo que lhe sucedeu no governo da diocese, D. António de Castro Meireles, escreveu: «A sua bondade era o traço mais saliente de toda a sua vida. Dos pobres e dos humildes fez os seus amigos de todos os dias». E o historiador Fortunato de Almeida refere que «as portas do Paço estavam sempre abertas a todos os que ali eram recebidos com efusões de bondade». É idêntico o testemuno de Raul Brandão, escritor coevo: «O Bispo é uma grande figura de bondade. Dá tudo o que tem». Devido a esta generosidade quase lendária, o povo anónimo, ao vê-lo passar na rua, chamava-lhe «pai dos pobres» e a imprensa da época apelidava-o de «bispo esmoler». E foi na sequência da fama de santidade que, em 23 de Outubro de 1991, nasceu o “Movimento Pró-Canonização de D. António Barroso”, associado às comemorações dos Cinco Séculos de Evangelização e Encontro de Culturas. Foi imediato e expressivo o acolhimento por parte do bispo do Porto, D. Júlio Tavares Rebimbas, e de todo o episcopado. No ano seguinte, o tribunal diocesano do Porto inciou o processo para a sua beatificação e canonização, ficando a instrução concluída em 5 de Novembro de 1994. Logo em 16 de Novembro do mesmo ano, o referido processo deu entrada na Congregação para as Causas dos Santos. Houve então que escolher um Postulador residente em Roma, que intermediasse junto da Congregação, e para tanto o bispo do Porto nomeou Mons. Arnaldo Pinto Cardoso. O Dr. José Ferreira Gomes, advogado da praça de Lisboa, foi então nomeado Vice-postulador, para acompanhar e dinamizar a Causa em Portugal. A Positio Super Vita, Virtutibus et Fama Sanctitatis – documento fundamental para o andamento do processo – ficou concluída e foi aceite pela Congregação, ainda em 2005. Em 26 de Outubro de 2010, Amadeu Gomes de Araújo, investigador da Universidade Católica, Lisboa, foi nomeado Vice-postulador, sucedendo a José Ferreira Gomes. Entretanto, foi também concluído o processo relativo a uma presumível cura miraculosa atribuída à intercessão do bispo missionário. A sessão de clausura do respectivo Processo Canónico de Inquérito ocorreu no dia 4 de Março de 2015, sob a presidência de D. António Francisco dos Santos, e em 10 do mesmo mês, o Processo foi entregue em mão no Vaticano.

Quem somos. O que pretendemos

A introdução do processo de beatificação e canonização em 1992 veio despertar o interesse pela figura de D.  António.Durante anos, uma das prioridades da Postulação era que os amigos, admiradores e devotos tivessem ao dispor uma biografia digna do notável missionário e destemido Bispo do Porto. Era notória a falta de uma obra que transmitisse uma visão abrangente da vida e da obra do Servo de Deus. Com a publicação da biografia «Réu da República . O Missionário António Barroso Bispo do Porto», esta preocupação parece ultrapassada. Porém, a proximidade do centenário da morte do Servo de Deus, em Agosto de 2018, exige iniciativas novas, capazes de levar a um público mais vasto, mais diversificado, a mensagem de que, volvidos 100 anos, D. António continua vivo. Com a criação deste site, a Postulação pretende ir ao encontro de muitos. E, para manter vivo o projecto que agora inicia, conta com os Amigos de D. António. Como se informa em local próprio, a «Associação dos Amigos de D. António Barroso», legalizada por escritura pública de 18 de Dezembro de 1992, e depois submetida à aprovação do Senhor Bispo do Porto, é um órgão activo auxiliar da Postulação, que visa divulgar a vida e a obra do Servo de Deus.

1918 – 2018

CENTENÁRIO DA MORTE DE

D. ANTÓNIO BARROSO