A condição de Venerável, atribuída por Roma a D. António Barroso, impôs à Santa Sé a preservação integral da memória do bispo missionário.

O dia 17 de novembro de 2019 ficou assinalado, no calendário das gentes da freguesia de Remelhe, no concelho de Barcelos, pela nova trasladação dos restos mortais de D. António Barroso. Já não ficavam mais na capela jazigo do cemitério, ali colocados há 92 anos, por impulso de uma subscrição pública do jornal O Comércio do Porto.

A memória de D. António Barroso era, assim, conduzida para o interior da igreja paroquial de Santa Marinha de Remelhe, a expensas do povo e de alguns benfeitores.

Após a evocação histórica das trasladações anteriores e da incensação das relíquias do Venerável, um extenso cortejo saiu da antiga capela jazigo do cemitério local, em direção à igreja paroquial, seguindo um longo tapete branco. Incorporaram-se no cortejo os bispos de Braga e Porto e o seu auxiliar, o pároco, vários sacerdotes, o vice postulador da Causa de Canonização, entidades civis, entre elas, o presidente e a vice presidente da Câmara Municipal
de Barcelos e o presidente da Junta de Remelhe.

Os bombeiros voluntários de Barcelos, Barcelinhos e Viatodos cumpriram com a animação pública das cerimónias, através das bandas de música e do transporte da urna funerária. Especialmente emotivo foi o momento da deposição dos restos mortais no novo lugar, escolhido para veneração, em maior silêncio, dos admiradores e devotos do bispo missionário. As obras de requalificação do espaço estiveram a cargo do arquiteto António Veiga Araújo.
Seguiu-se a celebração da Eucaristia, presidida pelo arcebispo de Braga, D. Jorge Ortiga, que à homilia, no Terceiro Dia Mundial do Pobre, recordou o «pai dos pobres», como era conhecido, e que, tendo nascido pobre, viveu pobre e pobre morreu.

No final da missa, que contou com a presença do grupo coral de Remelhe, D. Manuel Linda, bispo do Porto, prometeu dinamizar, até ao fim, a canonização do seu antecessor, deixando aos remelhenses o encargo de velarem, continuadamente, pela memória do filho da terra, o bispo missionário que se bateu pela liberdade da Igreja e pela evangelização dos povos.

Texto de Manuel Vilas Boas
Fotos de José Campinho e Sérgio Araújo